segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012




A maioria dos jovens ou adolescentes acredita que seus pais ou a sua família são um atraso na sua vida e só atrapalham. Refutam as regras dos pais e até os odeiam a ponto de discutir e brigar. Quase sempre descobrem a realidade depois de graves acontecimentos.



     Na manhã de 31 de janeiro de 2012, Alissandra Iris, uma cidadã comum do interior do Pará, saiu da quitinete que dividia o aluguel com a amiga Luana, pretendendo encontrar uma oportunidade de demonstrar sua capacidade no mercado de trabalho. Cinco dias antes havia passado pela marca dos 19 anos de idade comemorando ao lado de várias pessoas que nunca tinha visto, foi a primeira vez experimentou o efeito de entorpecentes.
Naquela manhã usava uma sandália de salto alto, um vestido azul e óculos escuros, carregando no ombro esquerdo uma bolsa amarela combinando com a cor da sandália. Pra chegar até o centro comercial precisaria caminhar 1.500m e atravessaria várias Avenidas de trânsito desordenado. Os passos firmes mostravam segurança na decisão de ir a luta. Há duas semanas tinha deixado a casa dos pais por não concordar com as imposições relembradas no dia-a-dia com recomendações exigentes demais para obedecer, preferira a companhia de Luana que também saíra da casa dos pais um ano antes. Na companhia da amiga tinha uma liberdade que nunca havia gozado antes, saía todas as noites, bebia coisas que nem sabia o nome e ficava com homens numa freqüência que nunca imaginara poder um dia, apesar de desejar. Vivia como queria viver quando seus pais a proibiam de sair com as amigas e a impediam de freqüentar festas. Naquela manhã de terça-feira estava decidida a conquistar um emprego que pudesse bancar suas extravagâncias, mesmo recebendo boas gorjetas dos homens com quem estava ficando.
Depois de entrar em várias lojas e ser rejeitada conseguiu a oportunidade que desejava num super mercado. Começaria no dia seguinte. Ao atravessar uma Avenida encontrou sua mãe com as mãos cheias de sacolas e ignorou a saudação fingindo não ouvir nem vê-la.
     No dia 21 de fevereiro Alissandra chegou na quitinete no final na tarde e encontrou o lugar totalmente vazio, momentos depois o proprietário do lugar surgiu na sua frente com um tom hostil cobrando o mês de aluguel, só então ela descobriu que havia sido enganada por Luciana, a quem tinha entregado R$250,00 para pagar o mês de moradia. Desorientada saiu para a Rua depois de discutir com o dono da quitinete, caminhava com passos céleres sem destino certo, todas as suas economias e suas coisas haviam sido levadas pela a amiga, estava proibida de entrar na quitinete e não tinha um centavo na bolsa para poder se alimentar. Bateu na porta de um dos seus ficantes que apenas pediu para ela ir embora, tentou outras amigas de farra e outros homens com quem dormira, mas não conseguiu sequer a atenção.
Às 19 horas e 30 minutos tentava alcançar o outro lado da principal Avenida da cidade quando um motociclista que se exibia empinando a sua moto surgiu de repente jogando o pneu dianteiro encima das costas de Alissandra. O impacto foi fatal, ela caiu já desacordada sobre o asfalto, o motoqueiro levantou a motocicleta e sem olhar para quem havia atingido fugiu do local. Rapidamente a Avenida ficou interditada por populares que insistiam em ver quem estava no chão.
     Às 20 horas Alissandra deu entrada no hospital municipal ainda desacordada. Depois de examinada pelos médicos foi colocada num quarto para ser operada. Momentos antes da operação conseguiu abrir os olhos e atordoada pode ver ao seu lado rostos que nos últimos dias havia odiado e ignorado. Seus pais e seus dois irmãos se aproximaram com os olhos rasos d’água.
    Aquele foi o último dia que Alissandra odiou a sua família.

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