Livro
Autor Joabe Reis
Catalogação
Internacional na Publicação (CIP)
Fundação
Cultural do Pará Tancredo Neves (FCPTN)
R375I Reis, Joabe
Um Louco Desejo. – Belém: [s,n], 2004
178 p.
1.LITERATURA
PARAENSE. 2. ROMANCE PARAENSE. I.
Título
CDU: 869.0(811.5)-31
Índice
para Catálogo Sistemático
LITERATURA
PARAENSE
Romance
O
COMEÇO
Na vida humana
acontecem coisas incríveis. E na maioria das vezes quando menos se espera elas
surgem, as surpresas, de tão grandes algumas pessoas demoram a entendê-las.
Bruno foi uma dessas pessoas.
Ele não
suportava mais a maneira como era olhado pelas mulheres e também se sentia
horrível sem nenhum poder de encará-las nos olhos. No incômodo encarnava seu
maior problema, na escola em que estudava havia um grande número de mulheres
bonitas. Algumas de sua própria turma riam dele com sarcasmo depois de
cochicharem alguma coisa.
Bruno estava
com o coração cheio de amor por uma das colegas de sala. Platônico era o amor
dele, ela só o tinha como amigo e nada mais, ele imaginava. Pensando
constantemente na morena de largo sorriso desejava ser o homem mais bonito do
mundo inteiro e assim realizar seu maior sonho, conquistá-la. Um desejo
obsessivo de adolescente.
Numa noite de
céu estrelado Bruno caminhava contando os passos pela Rua que dava na sua casa,
estava desconsolado, absorto em seus devaneios de sempre, seus pensamentos
trilhavam os caminhos das nuvens, quando de modo inesperado esbarrou em alguém.
Uma mulher, muito estranha, logo notou. – Me desculpe, estava distraído! -
disse ao se afastar sem dar importância àquela figura feminina.
A mulher o cercou antes que pudesse se
distanciar mais, pegou em seu braço e o impediu de prosseguir. – Espere, por
favor! Sim é você. Até que em fim te encontrei. – a mulher sorriu ao olhar em
seus olhos fazendo um pequeno esforço, já que naquela esquina havia pouca luz e
Bruno não era tão baixo quanto ela.
- Como assim?
Não estou entendendo. – ele com receio esquivou-se. O que aquela mulher queria,
afinal? Seus olhos estavam arregalados.
- Procurei por
você por toda a parte e enfim te encontrei. Foi uma tarefa difícil. – a mulher
falava usando um tom alargado de certa intimidade.
- Mas, por
quê? – Bruno indagou, mas não pode ouvir a resposta, um líquido verde foi
injetado em seu corpo que se espalhou rapidamente em suas veias e o deixou desacordado.
Quando acordou
estava num lugar desconhecido. Apalpou o rosto e concluiu que estava coberto,
ficou apavorado e levantou da cama, rápido. As paredes brancas do quarto
instigaram a vontade de dar alguns passos, mas tolheu os movimentos ao ver
caminhar em sua direção uma mulher que adentrou sorridente no quarto, podia
jurar já tê-la visto em outro lugar.
- Oi rapaz!
Como tem passado? – ela indagou ao se aproximar dele.
- Ultimamente
dormindo. – respondeu num tom seco.
- Você deve
estar furioso sem entender nada de tudo quanto está acontecendo, certo?
- E você
queria o que? – Bruno sentou na cama. – Nem mesmo sei há quanto tempo estou
aqui.
- Olha, ainda
não posso revelar porque isso tudo aconteceu, mas um dia você saberá. – ela
sentou ao seu lado – só adianto que é algo muito bom.
- Ah ta!
Entendi tudo. – Bruno a fitou pelo canto dos olhos com certo
descontentamento.
- Não fala
assim, garoto! É para o seu próprio bem e ainda vai me agradecer um dia, você
vai ver.
- Como posso
ter certeza? Preciso de uma explicação.
- Eu já disse
tudo quanto eu podia te dizer, agora tudo dependerá da sua fé.
- Está bem, se
é para o meu bem me conformarei com tão pouca informação. – Bruno deixou
escapar um sorriso sem graça pelo canto da boca. Sua expressão não podia ser
vista, mas pelo brilho apagado dos olhos era possível notar o descontentamento.
- Ah, ainda
hoje será retirada do seu rosto essa faixa, quando então você poderá se olhar
no espelho. Me chame se precisar, estarei sempre por perto. – a mulher se
levantou e caminhou até a porta, seus movimentos eram calmos.
- Espere um
pouco! – Bruno trocou passos em sua direção antes que ela pudesse abrir a
porta.
A mulher parou
e virou o rosto. – Qual é a pergunta?
- Você não me
disse seu nome. É proibido também?
- Ah, meu
nome? Este também é confidencial, mas deixa-me ver. Me chame de Anjo Bom.
Engraçado, por incrível que pareça também não sei o seu nome. – a mulher
retrocedeu alguns passos.
- Já que é
assim você pode me chamar de Protegido. – ele sorriu outra vez.
Também
sorrindo Anjo Bom abriu a porta e saiu. Bruno sem entender nada voltou para a
cama. Aquela fora a última vez que viu aquela mulher misteriosa.
CAPÍTULO
I
- Como
explicarei se nem mesmo sei o que foi? – Bruno se perguntava em pé na porta de
casa. Sentou na calçada por alguns minutos, estava pensativo. – É, vou tentar.
– disse para si mesmo antes de ingressar na casa branca rodeada de varanda.
Levantou, pôs a mão na maçaneta empurrou a porta e entrou. A sala estava vazia,
a qual cruzou rápido, indo para a cozinha onde encontrou tomando o café da
manhã sua irmã e seus pais. – Oi pessoal! – beijou o rosto da mãe e da irmã,
agia como se estivesse dormido na casa de um amigo.
Os três
pararam com a refeição. Tinham uma cara de espanto.
- O que foi,
gente? Aconteceu alguma coisa? – Bruno perguntou ao ver os três boquiabertos.
- E você ainda
pergunta o que foi? Nós é que queremos saber o que está acontecendo. – Suzian,
sua mãe voltou a mastigar o pedaço de bolo.
- Como assim,
mãe? – pôs a mão sobre o ombro da senhora de cabelo negro e liso.
- Ora, você
não pode ser Bruno, o único filho que eu tenho. Você deve estar de brincadeira.
- Mas eu sou o
Bruno. – disse puxando uma cadeira.
- Como? – os
três se levantaram de modo sincronizado.
- Não pode
ser, o Bruno está num congresso de jovens em Alina. E além do mais você não se
parece nem um pouquinho sequer com ele. – sua irmã Miriam não aceitava a
esfarrapada explicação daquele Adônis insolente.
- Num
congresso? – Bruno não conseguiu segurar a gargalhada – E quem disse isso?
- Ele mesmo
por telefone. – retrucou Miriam.
Para desvendar
de uma vez o mistério e por fim na dúvida, seu pai Toni tomou a frente do
assunto. – Se você é mesmo o Bruno então nos diga, do que sua mãe mais gosta e
quem acorda primeiro, você ou sua irmã?
- Claro, é
fácil responder. A minha irmã sempre acorda primeiro que eu. E minha mãe gosta
de ler revistas de moda e assistir novelas.
- É você
mesmo, então! – Suzian passou a mão no rosto do filho ainda não acreditando.
- Sou eu sim,
mãe! É que aconteceram tantas coisas que nem mesmo sei porque aconteceram e nem
entendi até agora.
- Mas, meu filho você está parecendo um
príncipe encantado de um conto de fadas que antes se escondia atrás da máscara
e agora tirou. – Suzian o abraçou feliz.
- Bom, se tudo
está resolvido vamos terminar de tomar o café? – Miriam sentou-se novamente
fingindo estar controlada como sempre disfarçando a vontade de abraçar o irmão.
- Então nos
conta, onde passou esses dias? – Toni perguntou ao reiniciar a refeição.
- Só posso
contar o que eu vi. – o novo bonitão afastou a cadeira, sentou e em seguida
relatou tudo quanto lembrava sem interrupções.
Depois de
tomarem o café da manhã pai e filha saíram para o trabalho, Suzian como uma
dona de casa a moda antiga foi se dedicar as atividades domésticas. Bruno
entrou no seu quarto, olhou para o seu rosto no espelho radiante de felicidade,
depois trocou de roupa, pegou seus documentos pessoais e também saiu para o
trabalho.
Ao chegar no
escritório no centro da pequena cidade interiorana teve que provar ser ele
mesmo com os documentos pessoais e ao responder várias perguntas. Teve ainda
que explicar por onde havia andado durante quinze dias. Utilizando da sua vasta
inteligência inventou uma história bastante convincente suficiente para
garanti-lo no emprego.
Passado o
primeiro impacto da grande transformação, no final da tarde os dois irmãos se
encontraram na sala, embora mostrassem nos olhos o peso do dia cansativo tinham
ânimo para conversarem.
- Mas Bruno,
você está muito bonito. Não há quem diga que você é você, entende? – Miriam comentava
enquanto bebia um suco de laranja.
- Nossa! Mudei
tanto assim?
- E como!
Olha, quem te conhecia pode ter certeza de que não irá te reconhecer.
- Sério? –
animado ele procurava seu reflexo no espelho da estante.
- Sem dúvida
nenhuma.
- Legal mana!
Agora acho que tenho a chance de ficar com a Fernanda. – seus olhos brilharam
ao falar da mulher amada.
- Tens razão,
qual mulher resistiria a sua beleza agora? Só uma cega.
Falando assim
Miriam o deixou entusiasmado, se sentindo o máximo. Parte do seu grande desejo
estava realizado, parecia mágica. – Vou deixar um montão de garotas correndo
atrás de mim, isto será impagável.
- Mano, vê se
acorda! Pense grande – Miriam fez um gesto com as mãos estalando os dedos. –
Não se empolgue tanto. As coisas não são bem assim, você não pode sair por ai
machucando corações só porque está com essa aparência agora.
- Fique
tranqüila, disse por dizer. Amo apenas uma mulher e você sabe. Viverei só para
ela e mais ninguém.
- Quanto
romantismo, só falta recitar poesias para ela.
- Isso eu
farei todos os dias quando ela forminha, mas se eu tiver uma chance quero dar
uma lição numas certas piriguetes.
Sorridente
Miriam levantou e antes de dar as costas para o irmão informou que iria banhar
– Vou para a escola hoje, você não vai? – indagou.
- Mas nós não
estamos de férias?
- Hoje é o
primeiro dia de aula do segundo semestre, você se esqueceu?
- Nossa, nem me
lembrava! Claro que vou. – disse levando a mão na testa.
Os dois eram
unidos como unha e carne e estavam a ajudar um ao outro, eram os únicos filhos
de Toni e Suzian, uma família de classe média da cidade de Santa Clara. Miriam
tinha dezesseis anos, olhos negros e puxados e pele morena. Bruno tinha
dezessete anos, cabelo escorrido como de índio e olhos castanhos claros. Ambos
estudavam no período noturno no único colégio de ensino médio da cidade e
aquele era o dia de recomeçarem as aulas. Uma hora depois já estavam a caminho
do colégio animados, estudar era importante, no entanto interessava para eles a
baderna do reencontro.
- Mana estou
pensando em não dizer de cara pra galera que eu sou eu, mas ainda não sei como
farei isto.
- Ora, invente
uma história, diga que você chegou recentemente na cidade, qualquer coisa desse
tipo.
- E quanto as
possíveis faltas?
- Converse com
o professor e peça sigilo.
- Dará certo?
- Claro! Não
custa nada tentar, além do mais será muito cômico ver você fingir ser outra
pessoa.
Momentos
depois no colégio Bruno agiu da maneira sugerida pela irmã, atuava com tamanha
naturalidade digna de um Oscar, caminhava entre os amigos como um estranho.
Enquanto andava pelos corredores do colégio pode ouvir diversos elogios sobre
sua beleza de todas as mulheres em sua volta. Quando parou em frente a sua sala
duas garotas, as quais já conhecia, foram ao seu encontro a fim de conhecê-lo.
- Oi! Você vai
estudar aqui? – perguntou uma delas.
- Sim, vou. –
ele respondeu sem encarar as duas.
- Que bom! Meu
nome é Jéssica, muito prazer! – ofereceu o rosto para ser beijada.
- Meu nome é
Caio. E ela, quem é?
- Ah, essa é a
minha amiga Munic. – disse sem deixar a amiga se aproximar mais do belo homem –
Você é muito bonito, sabia? – falou como sempre agia ao ver um homem atraente.
- Sério?
Obrigado! – Bruno disfarçou um sorriso – Vocês também são lindas.
- Você é novo
na cidade, não é? Nunca te vi antes – Munic não deixou de indagar.
- Sou. Quer
dizer, não! Eu nasci aqui, mas passei um bom tempo fora.
Como se fosse
um astro do futebol ou uma estrela da música, de repente dezenas de mulheres se
reuniram ao redor de Bruno, algumas ele conhecia, outras eram até amigas, no
entanto nenhuma daquelas mulheres que o idolatrava detinha sua atenção, até
surgir alguém no meio daquele alvoroço feminino que fez seu coração bater
acelerado, mas ela nem deu bola para sua estonteante beleza ignorando sua
presença. De olhos entristecidos tentou se livrar da mulherada, a maioria
periguete. Uma delas o agarrou no braço esquerdo e informou o nome da causadora
– Pelo visto ela conseguiu o que todas aqui querem.
Fernanda era
uma morena de olhos verdes de curvas perfeitas, cabelo cacheado por sobre os
ombros, quadris largos e seios fartos. Não costumava se influenciar pelas
atitudes das outras adolescentes.
- Ela é do
tipo que só fica olhando de longe – Jéssica completou a informação como se
Bruno não conhecesse a bela morena.
O Adônis
arrebatador de corações só conseguiu um pouco de espaço quando o momento de
começar a aula chegou. Todos entraram em suas salas. Sem nenhuma reserva Bruno
prosseguiu com o plano de continuar sendo outra pessoa, para corroborar o
professor concordou em entrar na encenação. Numa cadeira ao lado de Fernanda e
atrás de Bruce, seu melhor amigo, foi onde escolheu sentar. Cruzou os braços
sobre o caderno e fitou a amada pelo canto do olho, “ela era linda de todas as
maneiras”, pensou consigo mesmo.
- Bruno ainda não chegou, é muito estranho,
você não acha Nanda? Ele não costuma faltar. – Bruce comentou com a bela
morena.
_ Eu vi a irmã
dele pelo corredor, ele deve chegar atrasado. – respondeu Fernanda.
- Vocês
conhecem o Bruno? – disse ele com ironia aproveitando a oportunidade para se
aproximar dos dois.
- conhecemos e
você está sentado na cadeira que ele costumava se sentar. – Fernanda o olhou
pela primeira vez e com hostilidade em sua defesa sem saber que falava com o
próprio.
- Ele é meu melhor amigo, nosso melhor
amigo. – Bruce fez questão de deixar bem claro.
- E por que a
pergunta? – Fernanda indagou parecendo desconfiada.
- Eu o conheço
também – naquele instante Bruno percebia que a brincadeira seria muito engraçada
e de certo modo servia para saber até que ponto ele era importante para a
amada.
- Como você se
chama? – Bruce quis saber logo.
- Sou Caio e
você? – respondeu sem titubear.
- Meu nome é
Bruce e essa morena ao seu lado é a Fernanda.
- Muito prazer, Fernanda! – disse ele
sorridente.
Ela deu de
ombro.
Durante as
aulas daquela noite tudo aconteceu normalmente. Na hora de ir para casa Bruno
encontrou a irmã já na Rua para evitar serem vistos juntos pelos amigos. Sentia
o coração apertado como se estivesse embaixo de uma pedra enorme.
- E aí mano,
tudo certo? – ela colocou a mão na sua cintura.
- Quase tudo.
Ninguém desconfiou, mas – ele fez uma pausa entristecido.
- Mas? –
Miriam abraçou o irmão como se oferecesse o ouvido para as lamentações.
- Fernanda me
deu pouca atenção, aliás, me hostilizou.
- Ela não
ficou ligadona em você? Não acredito!
- Pois é. –
ele dava passos lentos desconsolado. O seu principal objetivo não estava sendo
atingido.
- Mas não
fique triste. Não desista, ela ainda vai se render. E o Bruce?
- Bruce foi
aquele cara de sempre, foi amigo.
- É, o Bruce é
realmente um cara muito legal.
- Você podia
namorar com ele.
- Eu namorar
com Bruce? – ela fez uma pequena pausa – Até que não é má idéia, ele é bonito.
– disse sorrindo.
- Ele ficará
sabendo disto, hein!
- Você nem
pense em contar, Bruno. Sabe que falei brincando. – Miriam ficou séria de
repente. Suas mãos gelaram ao pensar na reação do garoto referido.
- Brincadeira,
mana, eu não trairia sua confiança.
- Melhor
assim.
No dia
seguinte, como noutros, acordaram cedo, tomaram café e saíram apressados para o
trabalho. “Se pudesse viveria viajando”, Bruno sempre dizia.
À noite na
escola ele estava em pé na porta da sala distraído quando alguém com as mãos
fechou seus olhos.
- Jéssica, não
é?
- Como
adivinhou? – ela deu um sorriso com alegria de quem conseguia uma raridade.
- Seu nome foi
o primeiro que me veio a mente. Talvez por causa das suas mãos que tem um toque
delicado.
Bastou aquela
declaração para a colegial de baixa estatura ir as nuvens pelo que demonstrava
sua expressão facial. – Como você é lindo. – aproveitou o embalo pra dizer
usando um tom meloso.
- Você é que é
linda, uma das garotas mais bonita do colégio. – ele foi simpático.
- Verdade? –
ela indagava com felicidade imensurável.
- Juro. –
Bruno permanecia sério.
- Obrigada! Já
você, pode ter certeza que é o cara mais bonito do colégio e o homem mais lindo
que já vi, nem mesmo os galãs de novelas se comparam a ti.
- Aí eu sou
obrigado a dizer que você está exagerando.
- Mas é a
verdade.
- Assim você
me deixa sem graça. – tímido como era, Bruno não conseguiu disfarçar seu
desconforto ao falar de sua aparência, mesmo sabendo da sua transformação. –
Ninguém havia me dito algo igual antes. – ficando em silêncio baixou a cabeça,
pela primeira vez ouvia um elogio daquele tipo, começava então a sentir o gosto
de ser um homem bonito, já que quando desprovia de beleza era sempre
discriminado e excluído, por várias vezes fora vítima de bulling,
principalmente na infância.
- E tem mais –
Jéssica prosseguiu - todas as garotas do colégio só falam de você, é o papo do
momento.
- Já percebi,
mas não me sinto bem sendo o centro das atenções, não estou acostumado.
- Por que? Por
acaso você vivia entocado? Pois pode se acostumar porque será sempre assim por
aqui, pode crer. – ela pegou em sua mão direita – e se quiser eu posso te
ajudar.
- Você pode?
- Claro. Vou
adorar. – a colegial sorriu com inarrável felicidade, era o primeiro passo para
sentir o gosto da boca desejada por seus lábios.
- Mas até
agora falamos só de mim. E você, como está com as coisas do coração? – apesar
de conhecer a mocinha Bruno não sabia muito sobre a sua vida pessoal.
Ela tolheu o
sorriso meigo e baixou o olhar – A minha vida amorosa está uma droga! Não tenho
sorte para estas coisas. Acho que o amor não foi feito para mim. – usou um tom
melancólico, parecia querer impressionar o bonitão.
- Temos algo
em comum então, porque eu também não tenho sorte, nunca alguém me amou como eu
sempre sonhei. – Ele demonstrava um comovido interesse sobre a conversa.
A afirmação do
Adônis pareceu não convencer a jovem – Fala sério?
-
Infelizmente, sim.
- Mas amar
você não parece ser tão difícil. Você é lindo, atencioso e legal. É algo
inacreditável.
- Talvez seja
por que você não tenha me conhecido antes.
- Como assim?
- Nada,
esquece, é bobagem. Vamos falar de outra coisa, de algo mais alegre.
- Tudo bem. –
Jéssica não insistiu apesar de estar curiosa pra saber mais sobre a bobagem.
O papo entre
os dois estava fluía sem pausas, no entanto uma garota magra e alta interrompeu
chamando a moça num tom apelativo como se fosse algo urgente. Ela saiu e em
seguida Bruno entrou na sala, sentou na sua cadeira e ficou esperando o início
da aula. Logo a sala estava cheia de adolescentes tagarelas, Bruce e Fernanda
sentaram ao lado dele deixando o garoto do desejo intranqüilo, mordia a caneta
e estalava os dedos. Não agüentando mais puxou conversa com Bruce dizendo oi. O
amigo virou o rosto e deu atenção ao seu chamado. – Hoje eu quero contar uma coisa
incrível pra você – ele informou, estava tenso.
- E o que é? –
a curiosidade cresceu no amigo enganado.
- No intervalo
eu te conto. Dá pra esperar?
A morena de
olhos verdes não resistiu e também entrou na conversa. – Vocês estão de
segredos agora, é? Está parecendo quando Bruno... Hei? Cadê o Bruno? Ele ainda
não apareceu, isto é muito estranho. – Fernanda comentou preocupada.
- É mesmo, o que
será que aconteceu com ele? – Bruce se deu conta de que pelo segundo dia
consecutivo o amigo faltava.
- Ah! Esqueci
de falar pra vocês, ele não está muito bem. Eu o vi hoje quando fui a casa dele
– Bruno tentou enrolar os amigos tentando ganhar tempo.
- Tadinho! Se
eu soubesse antes teria ido vê-lo – disse Fernanda num tom terno – Ele é tão
dedicado aos estudos. Depois eu vou ligar pra ele.
Diante da
informação Bruno cuidou logo de desligar o telefone. O diálogo dentro da sala
de aula foi interrompido pelos exercícios didáticos passados pelo professor de
matemática que requeria muita atenção.
Quando o
intervalo chegou, o jovem de novo visual chamou o amigo a um canto mais
reservado, onde pudessem conversar sem serem ouvidos, já que se tratava de um
papo secreto. – Bruce, o que eu tenho pra te dizer é muito sério e
inacreditável, mas eu preciso de sua total descrição.
- E o que é,
fala logo cara – a impaciência tomava conta do amigo que tinha as mãos enfiadas
nos bolsos da calça.
- É sobre mim – Bruno continuava sério.
- Sobre você?
- Indagou com certa estranheza no falar.
- É sobre o
que aconteceu comigo. Você acredita que meu nome é Caio, não é?
- Sim, por
que, não deveria?
-
Sinceramente, sim.
- Ce ta de
brincadeira? Qual é?
- É verdade,
eu sou o Bruno, pode acreditar. – ele usava um tom baixo quase sussurrando.
- Como? Isto é
impossível! – o amigo contestou meneando a cabeça como se estivesse sendo
confundido com um idiota.
- Sou sim e eu
posso provar.
- De que
maneira? Você nem mesmo parece um tantinho assim com ele.
- Faça
qualquer pergunta sobre algo que só o Bruno saberia responder.
- Está bem. –
incrédulo Bruce pensou um pouco – Quem é a mulher dona de cada milímetro do meu
coração?
- Esta é super
fácil. Você é doido pela minha irmã, mas morre de medo de falar com ela.
- Eu não tenho
medo de falar com Miriam, só estou esperando o momento certo. Pera aí, então é
você mesmo? Bruno! – ele fitou o Adônis dentro dos olhos, apesar da pouca luz.
- Sim, não vai
me dar um abraço? – sorriu fazendo um corredor com os braços esperando o amigo
passar por ele até poder apertá-lo contra o peito.
- Com certeza!
– também com um sorriso alargado na boca Bruce abraçou o amigo a dia distante.
– E como aconteceu toda essa transformação radical contigo, cara? Pode me
contar sem esconder nada. – perguntou ainda no abraço.
- Foi uma
coisa incrível – Bruno começou a contar a história fabulosa com todos os
mínimos detalhes, mas o intervalo não foi tempo suficiente, então combinaram de
continuar com a conversa quando fossem para casa.
Nas duas
últimas aulas os dois já agiam como faziam antes das férias, sendo eles do tipo
de amigos inseparáveis. Fernanda podia até suspeitar de estar acontecendo
alguma coisa entre eles, mas não se manifestou, apenas olhava com o canto dos
olhos para eles.
A partir do
momento que foram liberados para irem embora Bruno manteve a distância do bolo
humano que sempre se formava na saída do colégio e falando baixo retomou o
assunto secreto com o amigo, a história deixava Bruce pasmado.
- Bruno,
vamos! – Miriam estava impaciente na espera pelo irmão em pé no corredor de
saída, mas falou tão baixo que só ela mesma provavelmente conseguira ouvir. – O
que você dois tanto conversam? – indagou ao se aproximar dos dois.
- É papo de
homem. Já estamos indo, espere só mais um pouco. – ele parecia eufórico
relatando para Bruce como a mudança acontecera – É o máximo estar assim, cara.
Agora posso sentir o gostinho de ser cobiçado por todas as gatas como os galãs
de novelas. Só não impressionei a mulher que amo, ainda.
- Mas Fernanda
vai adorar quando souber, talvez não tenha se manifestado por você ser um
desconhecido, e você sabe como ela é nesses casos.
- Bruno, eu já
vou! – Miriam sussurrou novamente caminhando a passos lentos abraçada aos
livros.
- Bruce,
amanhã a gente conversa mais, agora eu preciso ir acompanhar sua amada. Não
conte o que eu te disse nem para a sua sombra, viu?
- Fique
tranqüilo, se você quer assim, assim será.
Eles foram os últimos
a saírem do colégio naquela noite.
Capítulo
2
Uma semana
depois Bruno estava descontraído ao ler um livro na varanda de sua casa quando
um carro parou no portão. Ele nem ligou. A campainha tocou por três vezes, mas
o Adônis absorto no mundo paralelo da literatura nem se moveu. Sua mãe notando
que ninguém atenderia a porta abandonou a faca com a qual cortava o repolho pra
salada do almoço e foi ver quem era que importunava àquela hora. Miriam estava
na cozinha cantarolando uma música enquanto tentava usar o liquidificador e
nada ouvia.
Ao abrir o
portão Suzian encontrou um homem trajando terno e gravata e com uma pasta preta
na mão, aparentava uns trinta e poucos anos carregando um ar de mistério em sua
aparência. – Bom dia! A senhora é a dona Ferrae? – indagou o desconhecido.
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3 comentários:
instigante
Adquiri. Posso dizer que é ótimo!
vou querer um joab!!
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